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Mulheres já ganham mais que os homens em cidades dos EUA

O Estado norte-americano da Virgínia Ocidental é frequentemente lembrado pelas suas minas de carvão e estradas rurais — mas não pelo seu papel nas discussões sobre as disparidades salariais entre os gêneros. Segundo um novo estudo do think tank (centro de pesquisa e debates) norte-americano Pew Research Center, que analisou dados do censo dos Estados Unidos, a área metropolitana de Morgantown — a terceira maior cidade do Estado, onde fica a Universidade da Virgínia Ocidental — é um dos poucos lugares do país onde as mulheres ganham mais do que os homens.

Naquela região, o salário médio das mulheres trabalhadoras em tempo integral com menos de 30 anos é 14% maior que o salário médio dos homens na mesma faixa de idade.

De fato, essa cidade nos Apalaches é a segunda de uma lista de 10 regiões metropolitanas onde as mulheres com menos de 30 anos ganham salários comparativamente maiores — atrás apenas da cidade de Wenatchee, no Estado de Washington.

Nacionalmente, a disparidade salarial entre os gêneros persiste. Em média, as mulheres norte-americanas ganham o equivalente a 82% do salário dos homens.

Mas, em 22 das 250 regiões metropolitanas analisadas, os salários das mulheres são iguais ou melhores.

Por que as mulheres ganham mais que os homens em regiões tão específicas dos Estados Unidos? E esses números promissores em certas regiões significam que a disparidade salarial pode estar lentamente diminuindo? 

Existem alguns padrões que ajudam a explicar essas conclusões, segundo Richard Fry, pesquisador sênior do Pew Research Center, autor do relatório.

O primeiro fator é a educação. Os lugares onde as mulheres ganham o mesmo ou mais que os homens (em sua maioria, cidades ao longo da costa leste e da costa oeste dos Estados Unidos) possuem percentual maior de mulheres jovens com diploma universitário, segundo Fry.

“Nas regiões metropolitanas onde as mulheres jovens têm uma vantagem educacional maior, a desigualdade salarial tende a ser menor”, afirma ele. “Os diplomas universitários tendem a aumentar os ganhos, reduzindo a disparidade salarial.”

Esta variável pode explicar, ao menos em parte, por que cidades específicas da Flórida e da Virgínia Ocidental compõem a lista das 10 regiões metropolitanas com maiores salários para as mulheres, apesar das altas disparidades médias nos seus Estados, que são de 15% e 26%, respectivamente. “Morgantown é uma cidade universitária”, afirma Fry, “da mesma forma que Gainesville, na Flórida… entre as 22 regiões metropolitanas onde há paridade ou melhores salários para as mulheres, muitas abrigam grandes universidades.”

Essas cidades podem ter um número maior de empregos com salários mais altos disponíveis.

Além disso, as mulheres que permanecem nessas regiões metropolitanas após a graduação tendem a receber mais, graças a essa “vantagem educacional”, segundo Fry.

A educação provavelmente também é, pelo menos em parte, o que impulsiona Wenatchee, no Estado de Washington, para o topo da lista.

Lá, o salário médio anual das mulheres é de 120% do salário dos homens jovens. “Em Washington, acredito que 60% das mulheres tenham diploma universitário”, segundo Fry. “Por isso, estamos realmente falando de uma força de trabalho de mulheres jovens com boa formação em Washington.”

Outro fator que influencia a disparidade salarial é o tipo de emprego e as indústrias que dominam certas regiões geográficas.

O segundo maior empregador em Wenatchee são as escolas locais da região metropolitana — e, nos Estados Unidos, as mulheres ocupam mais de três quartos dos empregos no setor de educação.

Já a parcela das mulheres nos empregos nas indústrias é de menos de 30%. Por isso, em diversas regiões metropolitanas com a maior disparidade salarial — incluindo Saginaw (Michigan), Decatur (Illinois) e Mansfield (Ohio) —, as fábricas estão entre os principais empregadores. “A região metropolitana com a maior disparidade salarial é Elkhart-Goshen, no Estado de Indiana, onde as mulheres jovens ganham apenas 67% do salário dos homens”, afirma Fry. “Ela é conhecida como a ‘capital mundial dos trailers’.”

De fato, mais de 80% da produção mundial de trailers, ou veículos recreativos, tem lugar naquela região do norte de Indiana, perto da fronteira com Michigan. “Ali há muitas indústrias, o que pode trazer consequências para os salários das mulheres jovens, em comparação com os homens”, ressalta Fry.

O fator maternidade

Quando — ou se — as mulheres decidem ter filhos pode influir na disparidade salarial de uma região geográfica.

Em todo o país — e em todo o mundo, incluindo em países como o Reino Unido —, as mulheres sofrem a “penalidade pela maternidade”, que aumenta a disparidade salarial.

Quando as mulheres são mães, elas ganham ainda menos com relação aos homens (ao mesmo tempo em que os homens veem seus salários aumentarem quando eles se tornam pais). Estimativas indicam que as mães ganham o equivalente a apenas 70% do salário dos pais.

A maternidade, de fato, é um fator importante que influencia as estatísticas de disparidade salarial, segundo Alexandra Killewald, professora de sociologia da Universidade Harvard. “A penalidade estimada do salário por hora por ser mãe é de cerca de 10%, em comparação com o esperado se a mulher continuasse sem ter filhos”, afirma ela.

Por isso, em algumas regiões onde as mulheres são mães mais cedo, a disparidade salarial também aumenta. Em Elkhart, Indiana (que possui a maior disparidade salarial), a idade média com que as mães têm seu primeiro filho é quase três anos menor que a média nacional norte-americana, de 26,3 anos.

Em lugares onde a idade média das mães quando nasce seu primeiro filho é menor, a disparidade salarial é maior — e o inverso também ocorre.

Nas regiões metropolitanas de Nova York, Nova Jersey e da Pensilvânia, por exemplo, as mulheres ganham o equivalente a 102% do salário dos homens. E, em Manhattan, que fica nessa área geográfica, a idade média das mães com primeiro filho é de mais de 31 anos.  

Fonte: NULL

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