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Fundos de pensão buscam investir mais no exterior

O Valor Econômico informa que os fundos de pensão brasileiros estão cada vez mais inclinados a investir no exterior, aponta uma pesquisa da Mercer Brasil. As fundações ainda são lentas na tomada de decisão, mas há uma evolução, na visão da consultoria. Ao mesmo tempo, há um interesse maior nos investimentos aderentes aos critérios sociais, ambientais e de governança (ESG, na sigla em inglês).

Os mercados internacionais, onde a variedade de opções é maior do que a do mercado local, podem ser uma alternativa para as fundações. O estudo da Mercer apontou que 88% dos grandes fundos consultados (com patrimônio acima de R$ 2 bilhões) pretendem aumentar as suas alocações em investimentos internacionais. Esse incremento pode chegar a 73%.

O levantamento ouviu 53 fundações que detêm R$ 275 bilhões em ativos. Dessas entidades, 64% já possuem investimentos no exterior, em um total de R$ 3,5 bilhões. Com a Selic em patamares baixos, aumenta a necessidade das entidades buscarem mais retornos. No exterior, há melhores produtos e fundos de investimentos globais, inclusive com a possibilidade de custos mais baixos, de acordo com a Mercer.

Segundo a consultoria, em 2021, as entidades pretendem diversificar seu portfólio com exposições em ações, renda fixa, hedgefunds, private equity e imóveis. “Não é uma decisão simples e imediata e envolve definições importantes. É uma jornada, e vem avançando”, disse o líder dos negócios de previdência e investimentos da Mercer no Brasil, João Morais.

Algumas fundações precisam permitir esse tipo de aplicação na política de investimentos, além de definir os ativos que serão alocados e fazer a seleção dos gestores, por exemplo. “Pela complexidade, ao acessar novos mercados, é natural que tenham que desbravar etapas para que o processo seja bem feito.”

A complexidade dessa modalidade de investimento é um desafio para 58% entre os maiores fundos de pensão que participaram do levantamento da Mercer. E 60% entre as pequenas e médias fundações, consideram o risco envolvido nessa modalidade de operação. Há ainda aqueles que apontaram a falta de bons produtos e a ausência de apoio dos participantes, dos patrocinadores e do conselho (15%).

Pelas regras brasileiras, as alocações das fundações no exterior não podem passar de 10% dos investimentos totais e há uma discussão do mercado com a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) para aumentar esse percentual. O setor pede que esse patamar fique pelo menos duas vezes maior, chegando a 20%.

Na prática, mesmo com o aumento da atenção sobre o assunto, esse percentual ainda é muito baixo, atrás de vários países da América Latina como Chile, México, Colômbia e Peru. As fundações que já chegaram ao teto máximo permitido, ou perto dele, ainda são exceção, caso da Fapes (dos funcionários do BNDES) e Vivest (ex-Funcesp).

A Previ (Banco do Brasil), maior fundo de pensão do país, é uma das que pretendem aumentar os investimentos fora do Brasil, disse o presidente da entidade, José Maurício Coelho, em recente entrevista. Hoje, cerca de 0,3% da carteira da fundação – de um total de mais de R$ 200 bilhões – está aplicada no exterior. “Precisamos aguardar o momento adequado [para os investimentos] do dólar. É mais uma questão de timing do que qualquer outra tendência”, disse Coelho, ao Valor.

Em 2020, no Plano 1, maior e mais maduro da fundação, os investimentos no exterior tiveram alta de 42,7%, em um total de R$ 305,93 milhões. Já no Previ Futuro, de contribuição variável, a alocação fora do Brasil é maior e encerrou dezembro em R$ 741,54 milhões, após os ganhos de 15,84% no ano.

A pesquisa também mostra o aumento do foco em sustentabilidade, governança e outros temas ligados ao ESG. 64% dos fundos consultados indicaram que possuem uma política para investimento responsável e 41% pretendem melhorá-la. “Isso está completamente intrínseco ao tema internacional do investidor institucional. No exterior acaba sendo um caminho mais fácil para implementar [investimentos ESG] por causa de todo o desenvolvimento que esse mercado internacional tem”, disse Morais.

O mercado local também está amadurecendo em relação ao tema, completou, e há soluções de fundos locais e gestoras internacionais.

Fonte: NULL

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