NotíciasPrevidência

Meirelles quer reformar Previdência já para poupar o próximo presidente

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defendeu a aprovação da Reforma da Previdência ainda neste ano, e conforme o texto do deputado Arthur Maia (PPS-BA), aprovado em Comissão Especial. Em contraponto ao presidente do Senado, Eunicio Oliveira (PMDB-CE), para quem “o momento não é oportuno” para apreciação da matéria, Meirelles defendeu que o melhor momento para votação é agora, uma forma de evitar que o tema seja recolocado em 2019 como primeiro item da agenda do próximo presidente da República.

Meirelles teve um roteiro cheio em São Paulo. Começou com entrevista logo cedo à TV estatal NBR. Na hora do almoço, deu palestra a empresários e concedeu entrevista num evento promovido pela empresa Lide, da família do prefeito João Doria (PSDB). Na sequência, foi à Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). E ainda visitaria o presidente Michel Temer, que estava em casa se recuperando de uma cirurgia.

Provocado pela reportagem do Valor, Meirelles negou que o governo esteja trabalhando pela aprovação de um pacote reduzido para a Previdência. Com isso, tentou afastar a impressão produzida a partir de uma fala de Temer em entrevista publicada dia 20 pelo site “Poder360”. Na ocasião, Temer afirmou que se o Congresso se limitar a aprovar idade mínima e regra de transição “já está bom”. Depois, acrescentou “fim dos privilégios” na resposta.

Ontem, Meirelles disse que isso foi apenas “uma observação baseada numa previsão”. “[A fala de Temer] É uma questão mais opinativa do que viria a ser aprovado. Outra coisa é o que nós acreditamos que deveria ser aprovado”, explicou. O ministro repetiu então que, do ponto de vista do governo, o melhor momento para aprovação é agora.

Durante o almoço, ele mencionou os cerca de 40 dias úteis que restam até o fim de 2017. Para Meirelles, é do interesse “de todas as forças políticas” do país, “até da oposição”, que a reforma seja aprovada logo. Conforme o raciocínio exposto, a aprovação seria muito difícil no ano que vem, eleitoral. Se não passar agora, portanto, a Reforma da Previdência ficaria como “primeiro desafio” do presidente da República que assumir em janeiro de 2019. “Por quê? Porque Reforma da Previdência é inevitável. Esse que é o problema”, concluiu.

Sem citar nomes, o ministro disse que apresentou essa tese recentemente a “um grande líder da oposição”. E reproduziu o que afirma ter dito ao político: “Durante o dia, você combate a reforma. Mas quando vai para a cama à noite, você reza para a reforma ser aprovada”, afirmou, para risos de alguns dos presentes na plateia. O ministro não contou qual foi a reação do líder oposicionista.

Um dos trechos da apresentação de Meirelles no Lide que mais chamou a atenção foi quando, falando sobre a sucessão presidencial, ele afirmou que “esse negócio de vice é até interessante”.

Na entrevista concedida após a palestra, porém, ele refutou a ideia de que estaria interessado em se inscrever como vice na chapa de algum presidenciável.

“Foi uma mera brincadeira que eu fiz”, disse aos repórteres. “Eu já fui convidado para ser vice em 2010 e em 2014 e nunca levei essa possibilidade a sério”. Segundo Meirelles, o que ele havia dito anteriormente “foi no contexto de que estou trabalhando como ministro da Fazenda”. Ele completou afirmando que seu projeto “é botar o Brasil para crescer”. “Não me distraio com outras coisas”, reforçou.

Ainda durante a entrevista, ele deu detalhes sobre os convites anteriores para ser vice. Disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que ele disputasse a vaga na convenção de 2010. Seria para compor a chapa de Dilma Rousseff, que acabou vencedora. Informou ainda que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) o convidou para ser seu vice na eleição presidencial de 2014.

Horas depois, na Fecomércio, Meirelles voltou a ser perguntado sobre a eleição presidencial. Se disse “honrado” por ter seu nome lembrado para as eleições. “Qualquer coisa desse tipo, ser lembrado como candidato a presidente, candidato a vice, eu fico honrado”. Garantiu entretanto, que ninguém o procurou para tratar desse assunto.

Meirelles demonstrou otimismo ao falar sobre expectativas econômicas. Sugeriu que é alta a chance de uma revisão para cima da previsão oficial de 2% de crescimento em 2018. “Todos os indicadores mostram que é muito provável que seja um crescimento acima disso […] Vamos fazer revisão [das previsões] proximamente, mas não surpreenderia se na próxima revisão estiver acima de 3% para 2018”, disse.

À NBR, o ministro também falou sobre impostos. Defendeu uma reforma tributária rápida e sem fatiamento.

Fonte: Valor

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?