Incerteza pode diminuir até março, projeta FGV
O sentimento de incerteza na economia brasileira por parte do mercado tem potencial para diminuir até março, quando serão conhecidos de forma mais visível os candidatos à corrida presidencial de 2018. A observação é de Pedro Costa Ferreira, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), ao comentar o Indicador de Incerteza da Economia (IIE-BR). Anunciado ontem, o índice recuou de 8,3 pontos entre setembro e outubro, para 111 pontos.
Após a quarta queda consecutiva, o índice chegou ao menor nível desde fevereiro de 2015. Um “descolamento” entre política e economia, aliado a um entendimento do mercado de manutenção da atual gestão até 2018, com o arquivamento da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, colaborou para o resultado, avaliou o especialista. Esses fatores levaram a um cenário de previsibilidade na condução de política econômica. Para ele, o indicador pode chegar a 110 pontos e oscilar próximo a esse patamar até o fim do primeiro trimestre de 2018.
Ferreira comentou que o resultado de outubro consolida o término de repercussão imediata dos acontecimentos turbulentos na política na avaliação sobre economia brasileira, que vinham desde o início do ano. Mas nos últimos meses, mesmo com acontecimentos ainda graves na política, a avaliação sobre condução de política econômica não tem sofrido influência negativa, afirma Ferreira.
Para o economist, há um entendimento do mercado de que, pelo quadro atual de candidatos presidenciáveis até o momento, os mais cotados estariam dispostos a continuar com política de austeridade fiscal.
Outro aspecto citado foi o sentimento do mercado de que o pior da crise econômica já teria passado. Ferreira citou dados do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), divulgados ontem, de que a recessão iniciada no segundo trimestre de 2014 acabou no quarto trimestre de 2016.
“A crise está acabando, e esse é outro fator positivo para diminuir incerteza”, disse. A queda do IIE-Br em outubro decorreu de recuos em todos os componentes. O IIE-Br Mídia caiu 6,5 pontos entre setembro e outubro, para 114,7 pontos, contribuindo com -5,8 pontos para o recuo do índice geral. Enquanto isso, o IIE-Br Expectativa recuou 6,5 pontos, para 96,1 pontos, contribuindo com -1,6 pontos para a queda do indicador agregado. Por fim o IIE-Br Mercado caiu 7,3, para 91,3 pontos, com um impacto negativo de 0,9 ponto no IIE-Br.
Fonte: Valor