IPCA de setembro fica acima do esperado
A inflação oficial no País, medida pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,16%em setembro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora tenha sido ligeiramente mais baixa do que a de agosto, o IPCA veio acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro (0,09%). O número chegou a provocar uma alta nos contratos de Juros no mercado futuro.
Com o resultado de setembro, a taxa acumulada em 12 meses voltou a subir, para 2,54%, após um ano de reduções. A avaliação de economistas é que isso pode significar que o indicador chegou ao seu piso em agosto. Mas, mesmo assim, os preços permanecem sob controle. A taxa continua baixa. Em setembro do ano passado, estava em 8,48%, disse Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de índices de Preços do IBGE.
O início da aceleração da taxa em 12 meses, porém, aumentou a expectativa de que o Comitê de Política Monetária do Banco Central está muito próximo de encerrar o ciclo de cortes na Taxa Básica de Juros, a Selic.
A inflação não vai ficar em 3% ou abaixo de 3% em 2018, vai voltar a acelerar para algo em torno de 4% e vai coincidir com a recuperação da economia, disse Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos e professor do Ibmec-RJ. Talvez seja prudente nesse momento levar (a Selic) a 7% e parar para observar, evitando o risco de levar a 6,5% e eventualmente voltar a subir Juros ainda no ano que vem, o que traria um efeito psicológico ruim.
Para Tony Volpon e Fabio Ramos, economistas do banco UBS, apesar do número acima do esperado, a inflação deve se manter sob controle nos próximos meses. Enquanto a inflação divulgada hoje (ontem) mostra uma leve normalização mais rápida do que esperada, a dinâmica da inflação ainda é muito benigna, disseram, em relatório. Para eles, as crescentes evidências de aceleração da atividade econômica e os vários riscos domésticos e externos devem levar o Banco Central a parar o ritmo de corte de Juros quando a Selic atingir 7%.
Combustíveis. A inflação foi impulsionada no último mês pelos reajustes dos combustíveis e pelo aumento das tarifas aéreas. Durante o período de coleta do IPCA de setembro, a Petro-brás reajustou a gasolina 19 vezes, o que resultou num aumento de 4,65% nas refinarias. Os reajustes da estatal se traduziram empressõestanto dagasoli-na quanto do gás de botijão na inflação: o aumento de 4,81%no gás de botijão ao consumidor elevou o IPCA em 0,06 ponto porcentual, enquanto a elevação de 2,22% na gasolina se refletiu numa contribuição de 0,09 ponto porcentual. Já as tarifas aéreas saltaram 21,9%, o equivalente a 0,07 ponto porcentual de impacto. O aumento nos preços das passagens aéreas foi por causa da realização do Rock in Rio em setembro, justificou Gonçalves, do IBGE.
Por outro lado, alimentos e energia elétrica ficaram mais baratos e evitaram uma inflação mais alta no mês, mas não devem contribuir de forma tão benigna na próxima leitura. As carnes e as frutas já voltaram a registrar aumentos de preços. Para outubro, são esperadas novas pressões do gás de botijão e da conta de luz. A energia elétrica terábandeira vermelha patamar 2, que representa um adicional de R$ 3,50 a cada 100 kwh consumidos.
Fonte: O Estado de São Paulo
