Para analistas, indústria mantém rota de recuperação
A indústria seguiu em trajetória de recuperação em agosto e teve sua quinta expansão mensal consecutiva, ainda que mais fraca, avaliam economistas. Segundo a estimativa média de 25 Instituições Financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, a produção industrial cresceu 0,1% em relação a julho, feitos os ajustes sazonais, após avanço de 0,8% na medição anterior.
As projeções para a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de retração de 0,7% até aumento de 0,8%. Em relação a igual mês do ano anterior, a expectativa é que a produção tenha subido 4,7%, quarta alta em sequência nessa ordem.
“Apesar da expectativa de certa estabilidade do indicador na comparação com julho, a tendência de retomada do setor manufatureiro está cada vez mais clara”, afirma a equipe econômica do Santander, em relatório. “Na comparação com agosto de 2016, por exemplo, esperamos crescimento em torno de 4,5%.”
A produção de veículos aumentou 15,4% entre julho e agosto, segundo dados da Anfavea, entidade que reúne as montadoras. Dessazonalizada pela Tendências Consultoria, a alta é de 5,8%. Também com o ajuste da consultoria, as vendas de papelão ondulado subiram 0,4% em igual comparação. Com base principalmente nesses dois índices, a Tendências estima que a produção industrial ficou 0,1% maior no oitavo mês do ano.
Além destes dois dados, a LCA Consultores menciona o desempenho do fluxo pedagiado de veículos pesados, da fabricação de açúcar etanol e da produção de petróleo e derivados e gás natural como indicativo de que a produção não teve comportamento positivo frente a julho. Para a consultoria, a indústria recuou 0,6% na passagem mensal, mas avançou 4,1% sobre agosto de 2016.
“Assim como julho, agosto contou com a mesma quantidade de dias úteis que o mesmo mês do ano passado, e os indicadores coincidentes sugerem que a produção industrial do mês deve ter acelerado na comparação interanual, configurando o quarto resultado positivo consecutivo”, afirmam os economistas da LCA em relatório a clientes.
Na avaliação do UBS, a recuperação gradual da atividade continuou em agosto, apesar da previsão de estabilidade da produção industrial em relação ao mês anterior. “Projetamos alta de 5,4% da produção em relação a agosto do ano passado, um número forte, porém volátil”, comentam os economistas do banco suíço.
O setor industrial, aponta a equipe econômica do UBS, tem comportamento mais oscilante do que o Produto Interno Bruto (PIB). Durante a recessão, a o produção teve retração maior do que o agregado da economia e, agora, está crescendo em ritmo mais robusto do que o total do PIB, afirmam os economistas.
Apesar de haver uma retomada um curso, o banco pondera que ainda há muita capacidade ociosa na economia. Pela medição da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) está perto de 75%, cinco pontos abaixo da média histórica.
“A recuperação progressiva impõe riscos de alta para a nossa estimativa de 0,5% para o crescimento em 2017, mas também nos deixa mais confiantes em relação ao cenário positivo para 2018, com crescimento esperado de 3,1%”, destacam os analistas do UBS.
Fonte: Valor