BCs de emergentes têm reduzido taxas
Apesar de os países desenvolvidos estarem apertando a política monetária ou em vias de fazê-lo, e já em marcha de desaceleração de seus programas de compras de ativos, a maioria dos países emergentes está em tendência contrária, especialmente os da América Latina. Historicamente, há uma tendência de os Bancos Centrais de mercados emergentes apertarem suas políticas em ambientes similares, para mitigar o efeito de fuga de capitais para os países desenvolvidos e, consequentemente, a perda de valor de suas moedas.
Neste ciclo, porém, fatores como a desvalorização cambial, a correção de preços administrados (como energia e combustíveis), a pressão de alimentos, entre outros, foram revertidos no ano e, dado o baixo crescimento destas economias, o espaço para a flexibilização das políticas foi aberto.
A maioria dos emergentes cortou suas taxas nos primeiros meses de 2017 em proporções bastante diferentes, refletindo o arrefecimento da inflação depois de choques causados por fatores peculiares a cada economia nos últimos dois anos. Os preços caíram na América Latina e Europa emergente, enquanto subiram no Oriente Médio e na África. A inflação está na meta ou abaixo em muitos emergentes, como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. As principais exceções são Turquia e México, que, no entanto, devem observar queda da inflação nos próximos meses. Em média, a inflação agregada dos emergentes caiu para o menor nível em oito anos em julho, a 3,0%, segundo cálculo da Capital Economics.
De 20 países monitorados pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, 10 reduziram as taxas de Juros nominais em 2017, sete as mantiveram estáveis e três as elevaram.
No primeiro grupo estão o Brasil (taxa atual de 9,25% ao ano), Rússia (9,0%), África do Sul (6,75%), Índia (6,0%), Colômbia (5,5%), Indonésia (4,5%) Peru (3,75%), Chile (3,5%), Malásia (3,0%) e Filipinas (3,0%), que reduziram os Juros. No segundo grupo estão Nigéria (14,0%), Turquia (8,0%), China (4,35%), Polônia (1,5), Tailândia (1,5%), Coreia do Sul (1,25%) e Hungria (0,25%), que mantiveram os Juros estáveis. E, no terceiro grupo, Egito (18,75%), México (7,0%) e República Tcheca (0,25%), que apertaram a política.
A tendência de queda das taxas dos emergentes deve permanecer no resto do ano, particularmente no Brasil, na Rússia e na África do Sul, dado o tamanho ainda vultoso de seus Juros nominais. Já os países desenvolvidos operam com taxas reais (e nominais em alguns casos) bastante negativas.
Fonte: Valor