Meirelles tem papel de destaque na crise
Ganhou realce o papel de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, como avalista da responsabilidade fiscal e da estabilidade macroeconômica. Passados 24 dias da divulgação da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que estremeceu as colunas do Palácio do Planalto, Michel Temer resiste. Dado como morto logo após a eclosão das delações dos donos da JBS, Temer respira. Se vencer o teste do TSE, como tudo indica, ele pode conseguir permanecer à frente da Presidência até dezembro de 2018.
Meirelles, nessa quadra, é a garantia de que mesmo cambaleante, o governo não vai se aventurar por caminhos populistas para se manter.
Havia, no bolso do colete de aliados influentes, um pacote de bondades em concepção antes do terremoto da delação dos irmãos Batista vir a público. Eram medidas para atenuar o impacto negativo da aprovação das reformas trabalhista e da Previdência, como duplicar a faixa de isenção do IR na Fonte dos atuais R$ 1.903,00 para quase R$ 4 mil, com a correção da tabela. Em compensação, o governo enviaria ao Congresso a proposta de taxação dos dividendos. As ideias não prosperaram pela oposição de Meirelles.
Como fiador da responsabilidade fiscal de um governo em guerra contra a avalanche de denúncias de corrupção disparada quase que diariamente pelo Ministério Público, Meirelles teria algumas missões inadiáveis: fazer passar as reformas da Previdência e trabalhista e encontrar espaço na agenda política para encaminhar medidas microeconômicas.
Da PEC da Previdência, por exemplo, pode ser aprovada apenas a idade mínima e uma regra de transição. Meirelles já se conformou com essa hipótese mas não encontrou, no meio do vendaval, interlocutores no parlamento para estabelecer um canal de negociação.
Fonte: Valor