Incertezas não podem paralisar mudanças, diz entidade de bancos
A crise política não pode atrapalhar o andamento das reformas, afirmou o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Murilo Portugal, no discurso de abertura do 27° Ciab Febraban (Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras), nesta terça (ó), em São Paulo.
“Não podemos deixar que essas incertezas [políticas] paralisem o que estava sendo feito. Tenho certeza de que o Brasil vai estar mais forte ao fim desse momento desafiador. Quero deixar essa mensagem de otimismo.”
A declaração ocorreu no dia em que o TSE começou a julgar a chapa Dilma-Temer.
A instabilidade política das últimas semanas, gerada após as delações da JBS, se refletiu na decisão do Banco Central, que manteve na reunião do Copom do dia 31 o ritmo de corte dos juros (Selic), diferentemente da expectativa anterior, e indicou que o passo será reduzido em julho.
CRÉDITO
Presente do evento, o presidente do Santander, Sérgio Rial, disse que há certa “normalização na atividade de varejo”, e não falta crédito, apesar das incertezas políticas.
“O que ê importante ê que estamos caminhando a um patamar de juros menor, mas isso ainda não significa preço final para o consumidor.”
Rial destacou que cerca de 50% do spread bancário (diferença entre os juros pagos pelos bancos na captação de recursos e a taxa aplicada por eles nos empréstimos que concedem) ainda ê causado por provisão contra calotes.
“Um dos trabalhos da indústria financeira ê o cadastro positivo, ou seja, favorecer o bom pagador, para que ele não pague o preço de um processo sistêmico”, disse.
Portugal prevê recuperação do crédito, mas de maneira mais lenta. “Há um processo de desalavancagem das empresas e das famílias, mas esperamos crescimento [do crédito] modesto para este ano, na ordem de 1% a 2°/o”, disse, citando o aumento do PIB no primeiro trimestre -alta de 1% no período, após dois anos de resultado negativo.
“Houve um aumento de incerteza, mas ela não está afetando a economia real até o momento.”
Fonte: Folha de São Paulo