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Ação moderada do BC enfraquece expectativas

O governo aproveitou a divulgação das contas nacionais na semana passada para desviar as atenções do foco político e tentar capitalizar a quebra dos oito trimestres seguidos de resultado negativo. O esperado crescimento de 1% no primeiro trimestre de 2017, no entanto, chegou enfraquecido pelo alto grau de incerteza e pela decisão, tomada no dia anterior pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central, de tirar o pé do acelerador e reduzir o ritmo de corte na Selic para 1 ponto percentual.

Sem a repetição da contribuição generosa da agricultura, que cresceu 13,4% no trimestre, a redução no afrouxamento monetário pode enfraquecer a retomada da economia. Isso porque a equipe de Temer conta com juros mais baixos e uma melhora geral no ambiente de negócios para impulsionar concessões e fazer dos investimentos o motor da recuperação. Com o BC mais cauteloso, a retomada perde parte da tração.

Nas várias declarações feitas na quinta-feira pelo presidente e pelos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo Oliveira (Planejamento) – todas exaltando o fim da recessão – a formação bruta de capital fixo foi um dos pontos omitidos. A FBCF caiu 1,6% no primeiro trimestre, ante o quarto, valor superior ao estimado pelos economistas (-0,3%). Em relação ao mesmo trimestre de 2016, a queda foi de 3,7%. A taxa de investimento em proporção do PIB permaneceu em 15,6%, o menor patamar da série iniciada pelo IBGE em 1995.

Mesmo deixando de lado os comentários em relação ao desempenho do investimento, a preocupação do governo em relação a esse ponto foi evidenciada em outro momento, durante a posse de Paulo Rabello de Castro no BNDES. Rabello fez um aceno à indústria ao deixar claro que o banco se preocupa com o setor.

Depois do crescimento de 0,9% registrado pelo PIB industrial no primeiro trimestre, os empresários do setor mantêm certo otimismo. A Produção Industrial de abril cresceu 0,6% ante março, na série ajustada sazonalmente. Já o Índice de Confiança da Indústria, medido pela Fundação Getulio Vargas subiu 1,1 ponto em maio para o maior patamar desde maio de 2014. A melhora na confiança está calcada no índice de expectativa futura – e não em sinais de recuperação já em curso.

Fonte: Valor

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