Crise pode ameaçar recuo da Selic, diz IIF
O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) avaliou que o atraso na implementação de reformas no Brasil poderá reduzir o apoio do mercado, ameaçar o ciclo de afrouxamento monetário e exigir esforços adicionais para o país retomar o crescimento econômico.
“A nova rodada de incertezas poderá atrasar a reforma da Previdência e a trabalhista, que exigem ação do Congresso”, constatou Martin Castellano, chefe-adjunto para a América Latina da instituição. Na avaliação dele, a nova onda de tumultos políticos no Brasil, com novas revelações de corrupção, coloca em risco as perspectivas de crescimento. “A instabilidade política foi um fator chave por trás da vagarosa recuperação”, disse Castellano.
Segundo ele, as novas alegações de irregularidades envolvendo políticos que têm papel chave no Executivo e no Congresso podem ter duas implicações para o crescimento econômico do país. A primeira é “uma incerteza exacerbada e uma resistência social a medidas de austeridade no curto prazo”. A segunda é a elevação das perspectivas de um político populista vencer as eleições no ano que vem, dado o crescimento da frustração popular com os partidos tradicionais.
O IIF apontou ainda fatores que indicam que a instabilidade política está afetando negativamente a economia brasileira, como o baixo investimento em produtos industriais duráveis, apesar da elevação do sentimento de confiança no mercado, antes da delação da JBS, e da performance alta das exportações brasileiras. Outros fatores são a queda do crédito e a elevação do desemprego para 13,7%, em março. O instituto mencionou ainda a baixa expectativa de médio prazo no mercado, apesar de as reformas terem avançado no período anterior à revelação da delação da JBS.
Fonte: Valor