Ambiente econômico define perfil de investidor
Renda e classe social são menos decisivos do que o contexto econômico para definir como as pessoas lidam com o dinheiro. Fatores como crises e a descrença na política têm força suficiente para mudar a forma como elas encaram as finanças, indica pesquisa da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
O estudo será divulgado nesta quarta (10), na nona edição do Congresso de Fundos de Investimento. O levantamento, realizado com 400 pessoas em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, teve como objetivo entender como as pessoas lidam com o dinheiro no cotidiano.
Cinco perfis foram delineados para descrever como cada um se comporta no sistema financeiro. Embora os entrevistados tenham diferentes formas de encarar o dinheiro, o estudo concluiu que algumas situações deixam sua personalidade financeira em segundo plano.
Na crise, por exemplo, alguém disciplinado, que guarda dinheiro aos poucos para construir um patrimônio, pode ter que desviar a atenção para uma questão mais urgente e demorar mais para conquistar seu objetivo. Se a pessoa for esbanjadora, pode entrar em uma bola de neve prejudicial ao orçamento.
Da mesma maneira, classe social e renda interferem pouco na maneira como muitas pessoas encaram o dinheiro, afirma Ana Leoni, superintendente de educação e informações técnicas da Anbima. Pessoas com renda menor podem ter maior controle sobre suas finanças pessoais do que investidores mais ricos, diz.
PERFIS
Segundo Leoni, não há um comportamento superior ao dos demais. Mas é importante identificar as fragilidades de cada um para encontrar uma estratégia financeira mais adequada a cada perfil.
“Construtores”, como o estudo propõe, são disciplinados e buscam conquistar patrimônio aos poucos, com olhar no futuro. Mas seu conservadorismo e aversão a risco pode reduzir a rentabilidade de seus investimentos. A dica, nesse caso, é buscar al- ternativas na renda fixa mais rentáveis que a poupança.
Investidores “sonhadores” também olham o futuro, diz Leoni, mas geralmente estabelecem metas tão irreais que ficam difíceis de serem alcançadas. Colocar o pé no chão poderia ajudá-los a manter os objetivos no campo realista.
Pragmáticos, os “planejadores” miram alvos concretos, mas ousam mais. O excesso de confiança pode ser seu calcanhar de Aquiles.
Com mais dificuldade de lidar com as finanças aparecem dois perfis: “camaleões”, conformados, e “despreocupados”, que veem no crédito a solução para seus problemas. Para ambos, planejar o orçamento e adotar aplicações automáticas pode melhorar sua situação, afirma Leoni.
Fonte: Folha de São Paulo