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Diversificação no exterior entra no radar da previdência – Artigo

O setor de previdência privada atravessa um bom momento no mercado nacional, com crescimento acelerado nos últimos meses. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) divulgados recentemente, dos R$ 109,1 bilhões captados para os fundos de investimentos em 2016 no país, R$ 48,2 bilhões (44%) se destinaram à classe de previdência, cujo desempenho expressivo levou a um recorde em captação líquida.

Os números apontam para um cenário de maior interesse por parte do investidor de planejar seu futuro diante da necessidade de complemento previdenciário, impulsionada também pelas propostas de mudanças relacionadas à reforma da Previdência Social que têm movimentado o Congresso.

À medida que o setor se desenvolve e o investidor conhece melhor o mercado, ampliam-se as oportunidades para a diversificação de investimentos, e a alocação internacional entra no radar tanto do lado da oferta quanto por parte da demanda.

Essa possibilidade de utilização de instrumentos para aplicação fora do país, regulada a partir da resolução 4.444 do Conselho Monetário Nacional (CMN), traz assim novas opções para gestores e investidores. Com as novas regras, os fundos de previdência aberta (PGBL e VGBL) podem contar com ativos estrangeiros no limite de 10% do total, como já ocorria com os fundos fechados.

O tema captura a tendência de abertura do setor para produtos de maior valor agregado, em caráter de complementaridade aos investimentos em ativos de renda fixa, que atualmente respondem por 96% do patrimônio líquido dos fundos de previdência no país.

Contribui para o movimento a perspectiva de afrouxamento monetário, com juros em patamares menores do que os verificados nos últimos anos e reflexo no retorno dos fundos de renda fixa, abrindo espaço para apetite por outros ativos, como ocorreu em 2012. O corte de 75 pontos-base na Selic no início deste ano demonstrou a disposição do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de intensificar o ritmo de queda de juros, e a maioria dos economistas já projeta a Selic atingindo um dígito em 2017. De outro lado, ainda, a ancoragem das expectativas e os avanços recentes para a estabilidade econômica permitem ao investidor considerar com mais atenção os ativos de longo prazo.

Esse cenário favorável pode aproximar o Brasil de seus vizinhos da América Latina no que tange à alocação internacional. Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) evidenciam o forte viés doméstico dos nossos fundos de investimentos. Hoje, menos de 1% dos ativos dos fundos de pensão (que respondem por grande parte dos fundos de investimentos do país) estão no exterior. É bastante diferente de países como Chile (em torno de 40%), Peru (30%) e México (12%). Em média, os países da OCDE mantêm um terço dos ativos além de suas fronteiras.

O que os outros mercados já perceberam é que investir no exterior é uma alternativa vantajosa para diversificação de ativos com impactos positivos no retorno. E, para mercados relativamente pequenos em relação ao total global – caso do Brasil, que responde por menos de 1% do mercado mundial -, faz sentido oferecer ao investidor local acesso a oportunidades internacionais em setores ainda pouco desenvolvidos no país de origem (como tecnologia e “healthcare”), diferentes regiões e moedas variadas.

Já protegido por uma legislação das mais cautelosas, o investidor pode optar por assets que ofereçam gestão ativa e com suporte de parceiros globais de reconhecida expertise. Gestoras vêm se movimentando no Brasil para oferecer veículos locais para alocação internacional, em parcerias desenvolvidas para colocar no mercado fundos de previdência que contemplem tanto as necessidades do investidor local quanto as estratégias que melhor aproveitam as oportunidades no exterior, conjugando conveniência e retorno.

Chega-se, assim, a um interessante ponto de evolução do setor, quando se avança da discussão sobre diversificação para o debate e a ampliação de opções no exterior. Dentro de um mercado que ainda não atingiu maturidade e tem muito a crescer, as perspectivas são positivas. Projeta-se, de um modo geral, um dinamismo maior que fortalece a previdência privada.

Fonte: Valor

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