Google, Starbucks e Goldman Sachs reagem à medida de Trump
A decisão do presidente americano, Donald Trump, de barrar, temporariamente, imigrantes de sete países majoritariamente muçulmanos gerou forte reação no mundo corporativo. Gigantes globais, como Ford, Starbucks, Microsoft e Google, subiram o tom das críticas, anunciaram apoio a medidas judiciais ou criaram fundos para apoiar imigrantes.
Starbucks prometeu contratar 10 mil imigrantes, com foco em quem serviu com tropas americanas No mercado financeiro, as ações de companhias aéreas recuaram, com o temor pelo impacto das restrições nas viagens. Papéis de empresas de tecnologia também tiveram quedas, já que algumas dependem de programas de visto para contratar. As ações da American Airlines caíram 4,37%; as da United, 3,63%, e as da Delta recuraram 4,08%. No setor tecnológico, os papéis da Alphabet, dona da Google, tiveram queda de 2,55% e os da fabricante de chips Lam Research perderam 1,89%.
Ontem, a Google, que se manifestou na véspera contra a medida, anunciou a criação de um fundo de até US$ 4 milhões que serão repassados a organizações que defendem os direitos dos imigrantes. Do total, US$ 2 milhões serão doados pela gigante das buscas, que espera que seus funcionários colaborem com igual montante. LYFT DOARÁ US$ 1 MILHÃO A companhia de transporte Lyft, principal concorrente do Uber, se juntou ao grupo de críticos de Trump e, além de se opor à suspensão da imigração, informou que doará US$ 1 milhão para a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) durante os próximos quatro anos “em defesa da nossa Constituição”.
O diretor executivo do Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, por sua vez, tornou-se o primeiro grande líder de Wall Street a se pronunciar contra a ordem de Trump. Em mensagem aos funcionários do banco, ele criticou o governo, que tem no seu gabinete ex-executivos do Goldman, incluindo Gary Cohn, que era o segundo no comando da instituição e hoje é do Conselho Econômico Nacional, e Steven Bannon, um dos principais consultores de Trump.
“Esta não é uma política que apoiamos”, disse o executivo, ressaltando que a medida vai contra as práticas de diversidade adotadas pelo banco em suas contratações.
Em outra medida contra a decisão de Trump, a rede de cafeterias Starbucks informou que contratará 10 mil imigrantes ao longo dos próximos cinco anos. Em carta aos funcionários, o diretor executivo da empresa explicou aos funcionários que as contratações valeriam para lojas em todo o mundo e o esforço começaria nos EUA, onde o foco seria nos imigrantes “que serviram com as tropas americanas como intérpretes e pessoal de apoio”.
A empresa de tecnologia Microsoft, a gigante do e-commerce Amazon e a companhia de reservas de hotéis e passagens pela internet Expedia se comprometeram a cooperar com o estado de Washington, que manifestou a intenção de mover um processo na Justiça federal questionando a decisão de Trump. Segundo o Procurador Geral de Washington, Bob Ferguson, a ação terá queixas constitucionais de que a ordem viola a cláusula de proteção igualitária e a Primeira Emenda. NÃO APOIAMOS ESSA POLÍTICA Companhias aéreas globais, por sua vez, tiveram de rever sua logística de voo para garantir que nenhum membro da tripulação seja retido pela decisão de Trump. A Lufthansa e a Emirates estão entre as empresas que remanejaram equipes.
O presidente do conselho da Ford, Bill Ford Junior, e o diretor executivo, Mark Fields, também se manifestaram contra a ordem do presidente dos EUA: “Não apoiamos essa política ou qualquer outra que vá contra nossos valores como uma companhia”, destacaram os dois em comunicado.
Já Bank of America, Wells Fargo e Morgan Stanley adotaram um tom mais brando. Os três afirmaram estar monitorando o impacto da medida em seus funcionários. Enquanto o diretor executivo do Citigroup, Mike Corbat, disse que a empresa estava “preocupada” com a mensagem que a decisão de Trump transmite. Ajay Banga, diretor executivo da Mastercard, citou seu status de imigrante e afirmou, em memorando, estar “profundamente preocupado” com a proibição.
Elon Musk, diretor executivo da fabricante de carros elétricos Tesla e consultor de Trump, pediu a seus seguidores no Twitter, no domingo, que leiam a ordem de imigração e proponham “alterações específicas”. Ele disse que procuraria um consenso entre os membros de um conselho consultivo de negócios que espera se reunir com o presidente esta semana.
Fonte: O Globo