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PIB volta ao campo positivo no 1º tri, projeta Ibre

O balanço de riscos para a economia brasileira está um pouco mais favorável neste início de ano, na avaliação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). Com impulso dado principalmente pelo setor agropecuário, o Produto Interno Bruto (PIB) deve sair do campo negativo no primeiro trimestre, segundo as estimativas do instituto, ainda que com alta bastante fraca, de 0,1%. Para 2017, a projeção foi mantida em expansão de 0,3%, mas pode ser revista para cima.

“Em praticamente todas as áreas da economia começa a ganhar força uma narrativa mais alentadora sobre como será 2017”, afirmam os economistas Regis Bonelli, Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos na edição de janeiro do Boletim Macro, divulgado com exclusividade ao Valor.

No PIB, o único componente que deve apresentar desempenho mais forte de janeiro a março é a agropecuária, sazonalmente concentrada nos primeiros três meses do ano, afirma Silvia, coordenadora técnica do boletim. Se a previsão do Ibre de aumento de 6,7% para o PIB agropecuário no período, em relação a igual intervalo de 2016, for confirmada, a contribuição para a atividade será de 0,5 ponto.

Mesmo sem expectativa de reação maior dos outros setores no curto prazo, porém, já há sinais melhores para a atividade, diz a economista. Em primeiro lugar, a queda mais forte e mais rápida do que o esperado da inflação, trajetória intensificada no último quadrimestre.

De janeiro a agosto de 2016, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses caiu pouco mais de 1,5 ponto. Daí até dezembro, o recuo foi bem maior (2,7 pontos). A desinflação, aliada às expectativas mais ancoradas para os próximos anos, dão confiança ao BC de que, “ao menos por enquanto”, não será necessário reduzir o ritmo de queda da Selic, diz José Júlio Senna na seção de política monetária do boletim.

Um segundo sinal mais positivo vem dos indicadores de atividade, sobretudo da indústria, que deve ter mostrado elevação robusta em dezembro. O Ibre estima que a produção cresceu 3,2% ante novembro, feitos os ajustes sazonais, influenciada principalmente pela indústria automotiva, mas não só por ela. O setor extrativo mineral também vem mostrando maior dinamismo, diz Silvia, para quem o PIB industrial deve crescer 1,1% na média de 2017. “Vemos esse número como uma retomada.”

A fraqueza da demanda doméstica, ainda fragilizada pela redução da renda e aumento do desemprego, impede expansão mais forte da indústria no ano, pondera a economista. O Ibre trabalha com retração de 0,3% para o consumo das famílias este ano, depois de recuo de 4,5% em 2016. Por outro lado, a liberação de recursos de contas inativas do FGTS pode levar a um desempenho melhor que o previsto do consumo, outro fator positivo apontado pela entidade.

“A injeção dos cerca de R$ 30 bilhões na conta corrente das famílias ainda no primeiro semestre implicará aumento de seu consumo não antevisto em nossas projeções anteriores. Dado o peso do consumo no PIB, a aceleração está longe de ser negligenciável”, afirma a equipe de conjuntura do Ibre. Caso o total de recursos virasse demanda, o consumo das famílias teria alta de 0,4% em 2017, estima. Parte do montante, porém, será usado para pagar dívidas.

Outro fator de alívio para o consumo vem da inflação cadente, que contribui para alguma recuperação da renda real ao longo do ano, ainda que modesta, diz a coordenadora do boletim. Para o Ibre, o IPCA vai desacelerar para 4,9% ao fim de 2017. Devido à projeção um pouco mais elevada para a inflação, o Ibre é mais conservador do que o consenso de mercado e estima que a taxa Selic chegará a dezembro em 10,25% ao ano.

Como risco ao cenário um pouco mais animador para a atividade, o Ibre menciona a possibilidade de que a reforma da Previdência seja aprovada com desvios em relação à proposta do Executivo. As mudanças de mais longo prazo, como a criação de uma idade mínima para aposentadoria, parecem ponto pacificado, diz Silvia, mas o que preocupa são regras de transição.

Fonte: Valor

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