Salário de R$ 10 mil é bom, diz órgão que representa médicos espanhóis
Os médicos espanhóis estão aptos a trabalhar no Brasil e o pagamento mensal de R$ 10 mil previsto no programa “Mais Médicos” é satisfatório, na avaliação de Fernando Rivas, dirigente responsável pela área de promoção do emprego da Organização Médica Colegial (OMC), órgão máximo de representação desses profissionais na Espanha.
O valor proposto pelo governo federal para atrair médicos a localidades no interior e nas periferias das grandes cidades foi criticado por médicos brasileiros. Para Rivas, no entanto, trata-se de uma “boa oferta” .
“Tal como está a situação da Espanha atualmente, onde os salários têm sido reduzidos entre 20% e 30% nos últimos anos e onde persistem os cortes [de verbas] na saúde, a oferta de R$ 10 mil mensais, mais alimentação e alojamento, é uma boa oferta”, diz.
A previsão do “Mais Médicos” é que haja, além do salário mensal de R$ 10 mil, uma ajuda de custo inicial de R$ 10 mil a R$ 30 mil aos selecionados para cobrir gastos de instalação no novo local de trabalho.
Rivas também rebate as dúvidas levantadas sobre o preparo dos profissionais estrangeiros que virão ao país.
“Creio que não se pode questionar a formação médica espanhola. O nível de nossos médicos está mais do que testado, e certamente aprovado”, afirma.
Em meio a uma grave crise econômica, a Espanha enfrenta cifras recordes de desemprego entre médicos, diz o dirigente da OMC. “No mês de maio, o número de desempregados era de 3.395”, informa. A quantidade é ainda maior se forem incluídos os profissionais que deixaram o país em busca de trabalho – só em 2012, 2.405 médicos foram trabalhar no exterior, e em 2011, foram 1.378, ressalta Rivas. “É evidente que há uma fuga notável de profissionais, e isso parece que não vai mudar nos próximos anos.”
Diferença de idiomasA diferença de idiomas também não deve impedir a ida de médicos espanhóis ao Brasil, de acordo com Rivas. “Mais difícil é o alemão, e temos muitos médicos saindo [da Espanha] rumo às terras germânicas”, afirma. Ele considera que o português não é uma língua difícil de ser aprendida. “Há anos que médicos de nosso país migram para Portugal, e nunca tivemos informação de que a língua portuguesa tenha sido um problema.”
Segundo Rivas, não é uma questão de dinheiro, ainda que “seja evidente que, sem uma oferta atraente, um médico não vá sair da Espanha”. O principal, na opinião dele, é conhecer as condições de trabalho nos municípios que vão requisitar médicos pelo programa e assegurar que o profissional espanhol seja tratado do mesmo modo que o brasileiro, garantindo o exercício da medicina.
Fonte: G1