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Envelhecimento é questão mais desafiante para gestores públicos e privados

Bola da vez na atração de investimentos externos durante os primeiros da crise financeira mundial que eclodiu a partir de 2008, o Brasil deve se preparar para conviver com um cenário menos favorável ou mesmo adverso a partir de agora e, em resposta, retomar um receituário clássico do governo FHC- responsabilidade fiscal e redução dos gastos públicos-, para disputar capitais estrangeiros necessários para eliminar gargalos de sua economia, como na área de infraestrutura. E o ideal é que o País se organize já, porque, adicionalmente, enfrentará o grave problema de envelhecimento de sua população nas próximas décadas.
 
A recomendação é do presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Osvaldo do Nascimento, que apresentou palestra, nesta quarta-feira (26), a convite do Grupo Vida em Grupo do Rio de Janeiro (CVG-RJ).
 
O Brasil, que hoje conta 24 milhões de aposentados, ou seja, quase uma Argentina, e convive com um déficit de R$ 100 bilhões na previdência pública, terá a metade de sua população com mais de 50 anos em 2050 e menos trabalhadores para gerar riquezas, tendo em vista a queda da taxa de fecundidade no País.
 
Ele reconhece que seu prognóstico exigirá um “direcionamento estratégico” do mercado de seguros de pessoas nas próximas décadas, visto que, a exemplo dos pares internacionais, terá de conviver com um ambiente macroeconômico mais hostil, incluindo-se riscos regulatórios, rentabilidade reduzida de suas provisões técnicas, provável correção dos preços de produtos, dificuldades de manter elevadas taxas de crescimento, fraudes maiores em razão dos meios remotos, escassez de talentos, entre outras turbulências à espreita no voo de expansão do mercado.
 
Para ele, os primeiros sinais de dias nebulosos para captar recursos no exterior para o financiamento do governo já começaram neste ano e devem-se não só à melhora da economia dos Estados Unidos, mas também à desaceleração do PIB da China. A reação gradual dos EUA produz alta do dólar no mercado mundial e retorno dos investidores para lá. Já o crescimento menor da China afeta os valores das commodities e, em consequência, os negócios brasileiros, grande vendedor de produtos primários, e suas contas externas. “É sabido que o País não conseguirá manter crescimento sustentável, porque há gargalos na infraestrutura e capitais externos vão se tornar cada vez menores e mais caros para financiar este setor. Então, o País precisa se adequar ao novo cenário mundial”, destacou.
 
Mesmo com o dever de casa feito, problemas complexos se avizinham e criam dilemas desafiantes para gestores públicos e privados. De longe, a questão mais desafiadora é o envelhecimento da população brasileira nas próximas décadas, tendo em vista os impactos nos gastos públicos, que serão crescentes, e para o mercado segurador, cujos custos também serão maiores em uma sociedade mais velha, lembra Osvaldo do Nascimento.Justamente pelo fenômeno da longevidade, países desenvolvidos enfrentam hoje uma pressão de custos e graves dificuldades para financiar gastos crescentes na previdência e na área de saúde. “Todos os países que convivem com o envelhecimento da população, como França, Portugal, Itália, estão em crise hoje, mas antes se tornaram ricos. O Brasil sequer chegou a enriquecer, mesmo em um período de bônus demográfico como o atual, e terá de enfrentar já nas próximas décadas os efeitos decorrentes do envelhecimento da população”, lembrou ele.
Destacando que o maior acesso à saúde pública já consta da pauta dos atuais manifestações de rua, lideradas por jovens e pessoas de meia idade, que, a princípio, não são tão demandantes de cuidados médicos no momento, é possível imaginar que tais pressões tornem-se crescentes nas próximas décadas, e os governos não tenham condições de atender aos pleitos, porque o custeio da saúde pública é um problema mundial. Isso porque a inflação médica supera em até 10 vezes a variação dos preços de alimentos e dos demais serviços, tornando-se um saco sem fundo em termos de gastos.
Para ele, está claro que o País caminha para um encontro marcado entre uma demografia adversa e um desafio fiscal. Qual o papel do mercado segurador nesse futuro contexto?. A rigor, sua principal contribuição será mitigar o risco daqueles que fizerem sua adesão aos produtos de previdência, vida e de saúde. “O cidadão terá de planejar melhor sua vida financeira, estabelecendo objetivos de curto, médio e longo prazo. E poupar para custear, lá na frente, gastos com saúde e de previdência. Não há soluções mágicas”, afirma ele. A gôndola das seguradoras já oferece coberturas, mas novos produtos deverão ser incluídos às prateleiras, como o VGBL Saúde e, mais lá na frente, até seguros específicos para atender às necessidades de renda de pessoas que ultrapassem 85 anos.

Fonte: ABGR

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