35 anos de Seguros Um passeio no tempo
PARTE I Monza zerinho
Completei no último fevereiro 35 anos de atuação no mercado segurador. Minha única atividade profissional. Sempre atuando no segmento de corretagem. Vivenciei muitas coisas nestas três décadas e meia.
Da atualização dos manuais da Editora de Manuais Técnicos de Seguros, que chegavam pelo correio quase diariamente com novas taxas e clausulado, à apólice digital. Do preço do seguro de automóvel a partir do PR Preço de Referência, à emissão eletrônica da proposta. Em 1980, calculava seguro de automóvel em uma xerox de uma planilha datilografada e uma calculadora de mesa com rolo de papel. Pesquisava o PR do veículo no Manual de Automóvel, a partir deste valor acrescia-se um percentual da importância segurada, os preços de RCF mais custos e impostos. Estava pronto.
Fechado o negócio, datilografava uma carta para a seguradora, em três vias com papel carbono em máquina de escrever manual (as máquinas elétricas demoraram a chegar. Lembro da IBM azul) ou, simplesmente transmitia por telex.
Por mais arcaico que possa parecer, diante de toda a tecnologia que temos hoje, o processo era mais rápido. E, não pesquisei, mas, creio que a lucratividade do ramo ainda é a mesma. Problemas eram resolvidos com um telefonema ao gerente da sucursal, sempre a postos. Sim, aos mais novos digo que naquela época tínhamos acesso a praticamente todos os setores da seguradora, gerentes, departamentos de sinistros, financeiro, analistas de riscos. Discutíamos sobre a análise de risco, o processo de regulação do sinistro, preços e até a emissão da apólice.
O período de hiperinflação foi sinistro. Ativos segurados exigiam atualizações das importâncias seguradas quase que diariamente. Controlar uma apólice de incêndio de uma indústria exigia muita mão de obra, muito papel na calculadora e telex todos os dias. As emissões acumulavam nas seguradoras. Lembro das apólices ajustáveis para seguro de mercadorias e o Ajustamento Final da Apólice, as Cláusulas 224 e 225 de Vendaval, a 226 Atualização Automática da Importância Segurada. A cláusula de Perda de Prêmio e Reintegração Automática. Nossa, quanto controle e leitura. As coberturas eram obrigatoriamente divididas em Prédio, Máquinas e Mercadorias. Subdivididas prédio a prédio. Uma fábrica que tinha 20 prédios (plantas) gerava uma apólice com 60 valores segurados. Com a inflação a 80%, sem computadores
Cada planta era classificada de acordo com Rubrica e L.O.C. Localização, Ocupação e Construção. Fazíamos Inspeções de Risco junto com o Departamento de Engenharia da seguradora regularmente. Chegávamos no local armados das tarifas, a planta arquitetônica da fábrica. Conferíamos tudo. Rubrica, L.O.C., distância entre prédios, validade de extintores e funcionamento de hidrantes, quadros elétricos, caldeiras, melhorias a serem implementadas nos riscos e possíveis reduções de preços. Fotografávamos e depois de reveladas, as fotos eram coladas no relatório de inspeção.
Não lembro com exatidão, mas foi lá por 85, recebemos um microcomputador Polimax. Depois um Itautec de 10Kb, tela verde ou âmbar. Mas, a revolução chegou mesmo com o Itautec 20Kb, a planilha do Lotus 1-2-3 e o Word Star. Nossa, aquilo tudo era como ter um Monza zerinho.
Sidnei Tyska Março/2015
Fonte: CQCS
