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30% da produção em gasoduto no AM fica sem uso e volta para a terra

Seis anos após o início das operações do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, 30% da produção diária de gás natural transportada fica sem uso e é devolvida à terra, afirma a Companhia Gás do Amazonas (Cigás). De um total diário de 5 milhões de metros cúbicos que chegam a Manaus, 1,5 milhão do volume não tem utilização.
A concessionária diz que esse aproveitamento dependeria da Eletrobras Amazonas Energia, para transformação em energia elétrica. A Eletrobras declarou que suas usinas utilizam o gás natural produzido, mas não respondeu especificamente as alegações da Cigás.A construção do gasoduto tinha um custo previsto de aproximadamente R$ 3 bilhões, mas ao final das obras o valor ultrapassou os R$ 5 bilhões. Ele foi inaugurado em 2009 e tem 663,2 km de extensão entre Urucu (onde a Petrobras extrai o gás) e Manaus – além de 139,3 km de ramais até Coari. A obra é alvo daOperação Lava-Jato, que investiga uma rede de corrupção na Petrobras.MultasO Amazonas tem até 2017 para comercializar a produção de gás pelo gasoduto Urucu-Coari-Manaus. Caso contrário o estado arcará com multas pela devolução do gás para a Petrobras, que não comenta o assunto alegando questões contratuais.A Cigás não esclareceu ao G1 por que continua recebendo esse volume de gás já que não há mercado para a destinação total. Também não explicou como seria a aplicação da multa conforme a quantidade diária do gás que deixa de ser utilizada.”A quantidade de gás de Urucu é muito maior do que a demanda que temos aqui. Todo dia milhares de metros cúbicos de gás são reinjetados novamente na Bacia de Urucu”, diz o governador do Amazonas, José Melo (PROS).O presidente da Cigás, Lino Chíxaro, coloca a responsabilidade na Eletrobras: “só consumimos hoje 3,5 milhões de metros cúbicos porque não houve as conversões da Eletrobras Amazonas Energia”.”Estamos sempre notificando a Amazonas Energia para que ela cumpra essa etapa. Não tenho o valor porque as multas são variáveis de acordo com cada segmento do uso do gás, mas são multas pesadas”, afirma ele.A Cigás não esclareceu se o volume utilizado pela concessionária é o acordado em contrato.A Eletrobras informou, por nota, que todas as usinas que deveriam ser convertidas para operar com gás natural, já concluíram seu processo de conversão e, desde 2011, operam utilizando o gás natural oriundo de Urucu. Mas não comentou especificamente as alegações a respeito da quantidade de gás sem uso.O processo que reinjeta gás natural novamente no gasoduto Urucu-Coari-Manaus, de acordo com a Cigás, é de competência da Petrobras. Procurada pelo G1 sucessivas vezes, a estatal não explicou como o processo é realizado e informou que o contrato celebrado impede a divulgação de informações. Em relação ao questionamento sobre o contrato de venda de gás natural que a Petrobras tem com a Cigás, a estatal também justificou que há cláusulas que exigem confidencialidade das informações.A Cigás tem mais 73 km de rede de dutos em Manaus para servir ao setor elétrico, além de mais de 50 grandes indústrias e comércios. O próximo desafio é levar o gás natural para as residências na capital amazonense.A previsão da Cigás é que em 2016 a rede gás natural esteja abastecendo as unidades habitacionais. Apesar de afirmar que haverá atuação maior da Cigás para tornar disponível a rede de gás natural doméstico, o governador do estado não deu detalhes do projeto.”Tivemos o desafio da questão do gás natural veicular e tivemos outro desafio do gás chegar até o Distrito Industrial de Manaus para utilização nas empresas. Agora o desafio são os investimentos que precisam ser feitos para que o gás chegue às casas das pessoas”, comentou José Melo.Lava JatoO gasoduto Urucu-Coari-Manaus é uma das obras citadas na Operação Lava Jato. Em depoimento, Júlio Camargo, executivo da Toyo Setal, afirmou que intermediou o pagamento de R$ 2 milhões em propina a Renato Duque e Pedro Barusco, pelo contrato firmado pela Camargo Corrêa para executar trecho da obra do gasoduto Urucu-Manaus, controlado pela Petrobras.Segundo versão dada pelo delator, o contrato assinado somava R$ 427 milhões. A suposta propina, disse o delator, saiu dos R$ 15 milhões que sua empresa, a Piemonte, recebeu, em 2010, de comissão por prestar consultoria à Camargo Correia. As informações repassadas pelo MPF à Justiça Federal do Paraná foram relatadas pelos executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal. Eles fizeram acordo de delação premiada para tentar garantir uma eventual redução de pena.

Fonte: G1

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